Big Band do Palácio das Artes prepara concerto de jazz
No repertório de peças de Duke Ellington.Apresentação terá a participação do guitarrista Thiago Nunnes e da cantora Rita Medeiros
A reação do público nos dois últimos concertos da Big Band Palácio das Artes, no fim do ano passado, inspirou programa que marca a abertura da temporada 2011, no Grande Teatro, no dia 30. Com repertório jazzístico, que reúne clássicos interpretados por divas do gênero, na primeira parte; e canções do mestre Duke Ellington, depois do intervalo, o grupo quer repetir fenômeno de casa cheia. Além disso, espera assistir do palco o entusiasmo da plateia com o estilo eternizado como símbolo de liberdade e descontração. À frente da Big Band, o maestro cubano Nestor Lombida Hunt comemora início da temporada promissora, que conta sobretudo com apoio do público mineiro, cada vez mais próximo deste tipo de espetáculo.
Assim como outros integrantes da Big Band, Lombida não tem dúvidas de que a apreciação do jazz tem sido intensamente estimulada pela realização de festivais, com atrações nacionais e internacionais que reafirmam os encantos da música. “Aumentou até a procura de estudantes por instrumentos como trompete e trombone, geralmente pouco assediados nas escolas de música. Isso é muito bom, desperta as pessoas para outras sonoridades”, comenta o maestro. Ele acrescenta que o ganho não é apenas artístico. “O resultado a curto prazo é inclusive social, porque se trata de reconhecer que os jovens estão interessados a aprender e a se expressar por meio de um instrumento diferente, que lhe chamou atenção. A música desperta para a sensibilidade, induz a comportamento mais humanístico e oferece outras perspectivas que estão além da violência e criminalidade, que são um dos grandes problemas de nosso tempo”, avalia.
Natural de Havana, o maestro cubano está radicado no Brasil há 19 anos, 15 deles em Belo Horizonte. Ele observa que este entrosamento entre a cultura popular americana, brasileira e de seu país se deve a elemento comum: o berço africano. Por isso, ele argumenta, a música soa tão familiar, ainda que um pouco diferente. “As pessoas se identificam prontamente; é só uma questão de oferecer o repertório. Pode até ser que o toque pareça novo para alguém, mas este ingrediente, que diz respeito à matriz cultural, facilita o entendimento e a assimilação”.
A esses critérios o maestro somou característica bem particular dos mineiros, que é o apreço pelo canto. Ter convidado cantoras ano passado chamou atenção de Lombida para o quanto a música vocal é forte no estado. “É incrível como os mineiros gostam dos cantores. O público reage com euforia. Estamos experimentando este formato, com convidados, há cerca de seis meses. É pouco tempo para uma avaliação mais consistente mas a resposta da plateia já indica que estamos no caminho certo”. Para o maestro, o desenvolvimento da Big Band Palácio das Artes tem se dado ano a ano, com empenho dos instrumentistas, que se dedicam em busca de aprimoramento. “Perseguimos a qualidade, a melhor maneira de interpretar, investigando identidades culturais”, diz.
EMOÇÃO NA VOZ Cantora versátil, com timbre vocal privilegiado, Rita Medeiros interpreta Cry me a river, de Arthur Hamilton, na primeira parte do programa. Ex-integrante do Lirycal Jazz, ela conta que se interesse pelo jazz aumentou depois da recomendação do tio Estevão La Casas para que Rita ouvisse Julie London – diva norte-americana dos anos de 1960. “Ela tinha uma forma de interpretar impressionante, intensa. No jazz, não há limites para as emoções”, comenta. Rita, que participou do concerto ano passado, diz que a oportunidade de cantar acompanhada de uma big band é um privilégio. “É singular a sensação de cantar com todo o volume dos metais. A energia é especial”.
Coordenador do grupo há um ano, o guitarrista e violonista Thiago Nunnes também participa como convidado do programa em I don’t mean a thing, de Duke Ellington. “Nestor fez um arranjo especialmente para esta situação e fique muito feliz de ter sido convidado. Tem muito espaço para improvisação, que é a essência do jazz”. Para Nunnes, a consolidação do gênero na cidade se deve também à maneira como a música e seus intérpretes se relacionam com o público. Ele argumenta que a falta de previsibilidade cria expectativas que prendem a atenção da plateia, como se as pessoas que assistem também participassem ativamente dos concertos.
Realeza do jazz
Edward Kennedy “Duke” Ellington (1899-1974) foi o primeiro músico de jazz a entrar para a Academia Real de Música de Estocolmo, com talento reconhecido numa das mais importantes universidades do mundo. Compositor de jazz, pianista e líder de orquestra, sua obra foi uma das maiores influências no jazz dos anos 1920 aos 1960, e alguns de seus sucessos tornaram-se clássicos, como Sophisticated lady, Caravan e Mood indigo.
Formação da Big Band
• 5 saxofones
• 5 trompetes
• 5 trombones
• Base (“cozinha”): baixo, bateria, piano, guitarra e percussão
PROGRAMA
Primeira parteHomenagem às divas do jazz
• Samba del gringo (Frank Mantooth)
• Georgia on my mind (Hoagy Carmichael)
• Just the two of us (Ralph McDonald)
• Night and day (Cole Porter) – Participação especial de Fernanda Araújo
• Cry me a river (Arthur Hamilton) – Participação especial de Rita Medeiros
• Twenty something (Jamie Cullum) – Participação especial de Valquíria Gomes
• Fly me to the moon (Bart Howard)
• Wind a machine (Allan Gililand))
Segunda parte Homenagem à Duke Ellington
• In a mellow tone (Duke Ellington)
• Satin doll (Duke Ellington, Billy Strayhorn e Johnny Mercer)
• I don’t mean a thing (Duke Ellington) – Participação especial de Thiago Nunnes
• In a sentimental mood (Duke Ellington e Bob Russel) – Participação especial de Chon Tai Yeung
• Azure (Duke Ellington e Irving Mills)
• A la mambo (Duke Ellington)
• Take the A train (Billy Strayhorn e The Delta Rhythm Boys)
BIG BAND PALÁCIO DAS ARTES
Grande Teatro do Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Dia 30 de março, 20h30.
R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).